O Nome Perdido – Um Conto Alquímico
- 21 de mar. de 2023
- 4 min de leitura

No Antigo Egito na Época de Ramsés o Grande, seu filho, Khamouas era considerado o mais sábio de todos os homens, passava horas e horas nas bibliotecas estudando os papiros.
Isso chamou a atenção de Rá, o deus, que transmutou-se em um velho, e adentrando os umbrais da Biblioteca encontrou lá Khamouas imerso na leitura de um papiro sobre mágia
- Já encontrou aquilo que move a sua curiosidade? – Perguntou Rá ao jovem;
- Não é curiosidade eu apenas gosto de estudar e aprender tudo sobre tudo – Respondeu Khamouas;
- Sabe rapaz que os papiros mágicos só podem ser lidos pelos puros de coração.
- Como sabe o que eu procuro?
- Eu sei de tudo, até mesmo onde está o Papiro Oculto que trás O Nome Perdido de Deus...
- Por Rá! Onde eu posso encontrar este papiro senhor?
- Você? Mesmo tão jovem se julga sábio o suficiente para entender o Nome Perdido?
- Sim, eu creio que sim! – Disse ele sem Humildade nenhuma;
- Pois bem, vá até a necrópole, à tumba do faraó Naneferkaptah, lá você achará três sarcófagos, o do jovem faraó Naneferkaptah, o de seu esposa Ahoura e de seu filho, ele lhe dirá onde está o Papiro...
Dizendo isso o velho desapareceu no ar, e o jovem Khamouas soube que estava falando com alguém Excelso...
Naquela mesma noite foi até a necrópole e adentrou a tumba do jovem faraó morto Naneferkaptah, de frente aos três sarcófagos ele ouviu:
- Quem é você? Por que perturba nosso sono eterno? – Disse Ahoura
- Vim em busca do Papiro com o Nome Perdido de Deus!
- Vá embora antes que seja tarde! Você não sabe o que está buscando!
- Eu tenho estudado a vida inteira, saberei lidar com o Papiro e com o Nome!
- Muito bem, se você insiste, talvez isso esteja no seu Destino... O Papiro de Rá está no Mar de Copta, no fundo do mar há um cofre de ferro, no interior do cofre de ferro há outro cofre de bronze. No interior do cofre de bronze haverá um cofre de sândalo e por fim um cofre menor de marfim, que guarda uma caixa de ouro onde fica escondido o Papiro Secreto. Mas cuidado, os guardiões do papiro são serpentes...
O príncipe atravessou o mar de Copta, no final da jornada avistou um banco de areias e desceu escavá-las. Não foi preciso muito esforço até que o cofre surgisse; o problema é que estava cercado por serpentes, mas tendo estudado muito, usou uma Palavra de Poder que transformou as serpentes em lagartos. Apressou-se em abrir todos os cofres e Leu o Nome Perdido de Deus.
Nesse momento desvendou o canto e o voou dos pássaros, olhou os céus e entendeu como funcionavam os astros, viu o destino de cada ser vivo no Universo e temeu, sentiu que morreria!
Ordenou aos mares que o levassem de volta a terra, ordenou as montanhas que se abrissem e pairou sobre os céus para voltar a biblioteca e achar o velho, para que este ensinasse a Vida Eterna, mas lá chegando percebeu que jamais voltaria a vê-lo e chorou.
Olhou para fora da biblioteca e viu o cortejo das Sacerdotisas de Rá que passavam em carreata célebre e apaixonou-se perdidamente por uma delas e mais uma vez desejando algo que pertencia ao deus, a seguiu.
Quando ela sentou-se em sua cama, o Príncipe Khamouas se apresentou.
- Por favor, bela mulher, apaixonei-me por ti perdidamente, sou Khamouas filho do Grande Ramsés, tenho pouco tempo de vida, casa-te comigo?
- Sim, eu deixo meus votos, mas com uma condição, a de que me de tudo o que lhe pertence
Sabendo que em breve morreria, Khamouas aceitou e mandou preparar a cerimônia.
Quando estavam para fazer seus juramentos, o velho reapareceu, e sorriu com o reencontro, contudo, a futura noiva desesperou-se
- Retira daqui esse velho maldito!
O príncipe obedeceu tão grande era sua paixão e mandou que retirassem o velho do recinto, antes de ser expulso disse em bom som para Khamouas
-A pior de todas as prisões são aquelas criadas por nossos próprios desejos.
Nesse momento Khamouas reconheceu quem era o velho e viu seu erro, infelizmente para ele já era tarde, o velho desapareceu, a jovem foi-se embora com toda sua fortuna, desmaiou de loucura.
Acordou nas ruas como um mendigo, louco, já não sabia se um dia houvera sido príncipe ou se fora tudo devaneio de sua cabeça, sua barba estava enorme, seus cabelos cumpridos, sujos e embaraçados, desejava voltar no tempo, mas não conseguia mais lembrar-se do Nome Perdido de Deus, e sem sua Palavra de Poder estava preso no agora...
Ouviu então o desfile do Grande Faraó Ramsés, Khamouas não ousou se mexer, não ousou aproximar-se, mas quando o Grande Ramsés olhou-o em seus olhos, parou o Cortejo...
- Meu filho? O que está fazendo ai? Por que está vestido desse jeito?
- Pai! Eu perdi tudo pela minha loucura! Desobedeci Rá e descobri o seu Nome, invoquei a ira divina e traí um amigo...
O Grande Ramsés mandou que tomassem seu filho, vestindo-o e dando-lhe de comer, disse-lhe:
- Meu filho, nem tudo está perdido, você verá
Ao chegar ao palácio lá estava o Velho, sorrindo.
- Graças Rá, me perdoe! – Disse Khamouas
- Meu jovem, você não me ouviu, sucumbiu aos seus desejos e usou o que foi dado para si próprio, você roubou este nome, se tivesse levado anos em seus estudos não teria ficado louco com o que lhe foi relevado, e agora nem se quer te lembras do Nome, restitui o que você tirou, vou lhe entregar novamente o pergaminho, mas não ouse abri-lo para facilitar sua viagem e dessa vez você não usará dos serviços reais para lhe levar até lá, Peregrina!
E assim Khamouas andou por muito tempo, pensava consigo que jamais voltaria a entender a Linguagem dos Pássaros, mas em sua viagem leu o voou deles diversas vezes e apreciou o seu canto que contava ao ouvido se haviam predadores próximos, pensava que jamais entenderia os rios novamente, mas todo dia eles lhe chamavam para saciar a sede, pelo seu cheiro diziam o quão longe estava, seu frescor na brisa do vento anunciava onde se escondiam, pensava que jamais entenderia novamente os Céus, mas as nuvens lhe contavam se ia chover, se deveria parar ou continuar, pensou que jamais entenderia novamente os Astros, mas toda noite eles lhe guiavam ao Oriente dizendo que caminho tomar... Anos se passaram até que chegasse aos bancos de areias, e lá enterrou novamente o pergaminho e nesse instante Lembrou-se do Nome Perdido de Deus o qual nunca mais usou...
Commenti