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Parashat Tazria

  • 20 de abr de 2023
  • 30 min de leitura

Resumo da Parashá Levítico 12:1-15:33 A Parashat Tazria - Metsorá Resumida



Após a discussão ao final da porção da semana passada, a respeito da tumá resultante de animais mortos, a Parashá Tazria (Vayicrá 12:1-13:59) introduz as várias categorias de tumá emanando de seres humanos, começando com uma mulher dando à luz. O restante da porção descreve com riqueza de detalhes as várias e numerosas manifestações da doença chamada tsaraat . Embora tenha sido traduzida erroneamente como lepra, esta doença de pele tem pouca semelhança com qualquer moléstia corporal transmitida através do contato normal. Ao contrário, tsaraat é a manifestação física de uma doença espiritual, uma punição enviada por D'us, primeiro pelo pecado da maledicência, entre outras transgressões e comportamento anti-social.

Conhecida como metsorá, a pessoa afligida por uma mancha parecida com tsaraat na pele está sujeita a uma série de exames por um cohen, que declara se o paciente está tahor ou tamê. Se for tamê, ele será isolado para fora do acampamento, um castigo apropriado para alguém cuja língua infame fez com que pessoas se separassem umas das outras. Após descrever os vários tipos, cores e manifestações da doença na pele, cabeça e barba da pessoa, a porção conclui com uma discussão sobre as vestes contaminadas por tsaraat.

A Parashá Metsorá continua a discussão de tsaraat , detalhando o processo de purificação de três partes da metsorá, ministrada por um cohen, completa com imersões, Corbanot, e a raspagem de todo o corpo. Após uma demorada descrição da tsaraat em casas e a ordem de demolir toda a residência caso a doença tenha se espalhado, o capítulo final da porção discute várias categorias de emissões humanas naturais, que tornam uma pessoa impura em graus variáveis.

Dores do Parto - Por Yoel Spotts

Ao escrever um romance, o escritor certamente será cuidadoso para arranjar a trama de maneira lógica e ordenada, fazendo as transições de um tópico a outro de maneira suave. Da mesma forma, poder-se-ia esperar que a Torá, sendo a fonte da vida para o povo judeu e tendo muito mais importância que um romance, seguisse a mesma linha. Entretanto, a seção introdutória da porção desta semana da Torá parece divergir desta consistência requerida. A Parashá Tazria começa com uma discussão das leis sobre o status de uma mulher que acaba de dar à luz, e os vários procedimentos que devem ocorrer com ela e a criança. A Torá então imediatamente prossegue com uma descrição detalhada dos diferentes tipos de manchas e descolorações que podem tornar um indivíduo um metsorá. Estes dois assuntos – a mulher que acaba de dar à luz e uma pessoa que está sofrendo de tsaraat – poderiam parecer totalmente desconectados. Por que então estão colocados tão próximo um do outro? Para responder esta pergunta, seria lógico examinar primeiro os detalhes destas duas leis. Em Vayicrá 12:7, lemos que uma mulher que teve um filho deve trazer uma oferenda: "O Cohen oferecê-la-á perante D'us e expiará por ela, e ela ficará purificada da fonte de seu sangue; esta é a lei para aquela que dá à luz um menino ou uma menina." Esta lei provoca uma pergunta óbvia: Qual foi o pecado desta mulher que necessita de expiação? Os rabinos do Talmud fornecem uma resposta interessante a este problema: enquanto está sob a tensão e dor do parto, pode ser que esta mulher tenha jurado jamais retornar a seu marido, a fonte e causa de seu sofrimento atual. Portanto, quando a mulher se recobra totalmente, volta para seu marido e assim negligencia seu juramento anterior, na verdade está quebrando este voto. Embora a Torá reconheça que este juramento foi feito sob grande angústia e dor, mesmo assim a mulher não pode ser totalmente absolvida de realizar qualquer tipo de penitência. Afinal, fez um juramento e isso não pode ser desprezado. Portanto, a Torá possibilita à mulher a oportunidade de obter completo perdão ao trazer uma oferenda. Se mudarmos nossa atenção agora ao segundo ponto em questão, a aflição da tsaraat, descobrimos que a Torá inicia sua discussão da pessoa atacada por esta doença sem nenhum tipo de introdução; o leitor é lançado imediatamente numa discussão abrangente das várias formas e manifestações da tsaraat. A Torá não menciona a causa do tsaraat em lugar algum, dessa forma deixando a pessoa imaginar qual pecado poderia precipitar esta doença no corpo ou na propriedade de alguém. Rashi oferece uma resposta baseada sobre o Talmud, de que a causa primária do tsaraat é o grave crime de lashon hará. A fim de avaliar a gravidade de suas ações, aquele que fala lashon hará é afligido com tsaraat. Não apenas a pessoa afetada deve lidar com lesões cobrindo seu corpo, como também é forçada a separar-se da comunidade em geral, e suportar um longo processo de cura, assinalado por repetidas visitas do Cohen, para determinar o status e o desenvolvimento da doença. Espera-se que toda esta angústia e tormento ajudarão a reconhecer seu mau procedimento e leve-a ao arrependimento. Neste ponto, podemos facilmente entender a justaposição destes assuntos aparentemente tão desconexos. A Torá aqui deseja nos ensinar o poder da palavra. Enquanto a sociedade ocidental professa crenças como "as pedras podem quebrar meus ossos, mas as palavras não podem ferir-me", o Judaísmo atribui muito mais importância e significado à palavra falada. Toda palavra pronunciada deve ser cuidadosamente medida. Mesmo um juramento feito em meio as dores do parto deve ser contabilizado. Até um comentário aparentemente inofensivo sobre um judeu deve ser tratado. As palavras têm um significado. Não podemos permitir que nossa boca aja livremente, sem qualquer preocupação quanto ao resultado. Assim como a Torá nos foi outorgada no Monte Sinai, não por um rolo que caiu do céu, mas através da palavra sagrada de D'us, assim também devemos nos purificar e santificar nossas palavras.

Existe Algo Como Lashon Tov? Por Rabino Jonathan Sacks z”l

Publicado em 29 de Abril de 2017 (3 de Iyar de 5777) Os sábios entenderam tsara'at, o tema da parashá desta semana, não como uma doença, mas como uma milagrosa exposição pública do pecado de lashon hará, falar mal das pessoas. O judaísmo é uma reflexão sustentada sobre o poder das palavras para curar ou prejudicar, consertar ou destruir. Assim como D’us criou o mundo com palavras, assim criamos e podemos destruir relacionamentos com palavras. Os rabinos disseram muito sobre lashon hará, mas praticamente nada sobre lashon tov, “boa fala”. A frase não aparece nem no Talmud da Babilônia nem no Talmud Yerushalmi. Ele figura apenas em duas passagens midráshicas onde se refere a louvar a D’us. Mas lashon hará não significa falar mal de D’us. Significa falar mal dos seres humanos. Se é pecado falar mal sobre as pessoas, é uma mitsvá falar bem sobre elas!? Aqui meu argumento será que sim, e para mostrar isso, vamos fazer uma jornada pelas fontes. Em Mishná Avot, Ética dos Pais (2:10-11), lemos o seguinte: “Raban Yochanan ben Zakai tinha cinco (proeminentes) discípulos, Rabi Eliezer ben Hyrcanus, Rabi Yehoshua ben Chananya, Rabi Yose, o Sacerdote, Rabi Shimon ben Netanel e Rabi Elazar ben Arach. Ele costumava repetir seus elogios: Eliezer ben Hyrcanus: um poço que nunca perde uma gota. Yehoshua ben Chananya: feliz aquele que lhe deu nascimento. Yose o Sacerdote: um homem piedoso. Shimon ben Netanel: um homem que teme o pecado. Elazar ben Arach: uma fonte sempre fluente.” No entanto, a prática de Raban Yochanan em louvar seus discípulos parece estar em contradição com um princípio talmúdico: “Rav Dimi, irmão de Rav Safra disse: Que ninguém nunca fale em louvor ao seu vizinho, porque o elogio levará à crítica.” (Arachin 16a). Rashi dá duas explicações dessa afirmação. Tendo feito o elogio exagerado [yoter midai], o próprio orador virá qualificar suas observações admitindo, por causa do equilíbrio, que a pessoa de quem fala também tem falhas. Alternativamente, outros vão apontar suas falhas. Para Rashi, a consideração fundamental é: o louvor é prudente, exato, verdadeiro ou exagerado? Se é verdadeiro, é permitido; se é exagerado, é proibido. Evidentemente, Raban Yochanan tinha o cuidado de não exagerar. Rambam, no entanto, vê as coisas de forma diferente. Ele escreve: “Quem fala bem do seu próximo na presença de seus inimigos é culpado de uma forma secundária de falar mal [avak lashon hará], pois ele os provocará a falar mal sobre a pessoa” (Hilchot Deot 7:4). De acordo com o Rambam a questão não é se o elogio é moderado ou excessivo, mas o contexto em que é feito. Se for feito na presença dos amigos da pessoa sobre quem você está falando, é permitido. É proibido somente quando você está entre seus inimigos e detratores. O louvor então se torna uma provocação com consequências ruins. São apenas duas opiniões ou há algo mais profundo em questão? Há uma passagem famosa no Talmud que discute como uma pessoa deve entoar elogios à uma noiva em seu casamento: Nossos Rabinos ensinaram: como você deve dançar diante da noiva [i.e. O que deveria entoar]? Os discípulos de Hillel afirmam que, em um casamento, você deve entoar que a noiva é linda, quer ela seja ou não. Os discípulos de Shammai discordam. Seja qual for a ocasião, não diga uma mentira. “Você chama isso de mentira?”, responderam os seguidores de Hillel. “No mínimo aos olhos do noivo, a noiva é linda”. O que está realmente em questão aqui não é apenas o temperamento - os puritanos seguidores de Shammai versus os bondosos seguidores de Hillel, mas duas visões sobre a natureza da linguagem. Os seguidores de Shammai entendem a língua como uma maneira de fazer declarações, quer sejam verdadeiras ou falsas. Os seguidores de Hillel entendem que a linguagem é mais do que fazer declarações. Podemos usar a linguagem para encorajar, simpatizar, motivar e inspirar. Ou podemos usá-la para desencorajar, depreciar, criticar e deprimir. A linguagem faz mais do que transmitir informações. Transmite emoção. Ela cria ou perturba um humor. O uso sensível da fala envolve inteligência social e emocional. A linguagem, no famoso relato de J. L. Austin, pode ser performativa e informativa. O debate entre Hillel e Shammai é semelhante ao debate entre Rambam e Rashi. Para Rashi, como para Shammai, a questão-chave sobre o louvor é: é verdade ou é excessivo? Para Rambam e Hillel a questão é: qual é o contexto? Está sendo dito entre inimigos ou amigos? Será que vai criar afeto e estima ou inveja e ressentimento? Podemos ir mais longe, pois o desacordo entre Rashi e Rambam sobre o louvor pode estar relacionado a um desacordo mais fundamental sobre a natureza do mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Vayicrá 19:18). Rashi interpreta o mandamento significando: “não faça ao seu próximo o que você não gostaria que ele fizesse a você.” (Rashi para Sanhedrin 84a). Rambam, no entanto, diz que o mandamento inclui o dever de “falar sobre seu louvor” (Hilchot Deot 6:3). Rashi evidentemente vê o elogio ao próximo como opcional, enquanto Rambam o vê como incluído no mandamento de amar. Podemos agora responder a uma pergunta que deveríamos ter feito desde o início sobre a Mishná em Avot que fala dos discípulos de Yochanan ben Zakai. Avot é sobre ética, não sobre história ou biografia. Por que então nos diz que Raban Yochanan tinha discípulos? Isso com certeza é um fato, não um valor, uma informação e não um guia de como viver. No entanto, podemos agora ver que a Mishná está de fato nos dizendo algo profundo. A primeira declaração em Avot inclui o princípio: “Crie muitos discípulos”. Mas como você cria discípulos? Como você inspira as pessoas a se tornarem o que elas poderiam se tornar, para atingir o máximo do seu potencial? Resposta: Agindo como fez Raban Yochanan ben Zakai quando ele elogiou seus alunos, mostrando-lhes as suas forças específicas. Ele não os lisonjeou. Ele os guiou para ver seus distintos talentos. Eliezer ben Hyrcanus, o “poço que nunca perde uma gota”, não era criativo, mas tinha uma memória notável – importante nos dias anteriores à Torá Oral ter sido escrita em livros. Elazar ben Arach, a “fonte eterna”, era criativo, mas precisava ser alimentado pelas águas da montanha (anos depois se separou de seus colegas e se esqueceu de tudo o que tinha aprendido). Raban Yochanan ben Zakai assumiu a opinião Hillel-Rambam de louvor. Ele não louvou tanto para descrever, mas para motivar. E isso é lashon tov. O mau discurso nos diminui, o bom discurso nos ajuda a crescer. O mau discurso coloca as pessoas para baixo, o bom discurso as levanta. O elogio focalizado e direcionado, informado pelo julgamento considerado das forças do indivíduo, e sustentado pela fé nas pessoas e na sua potencialidade é o que torna os professores grandes e seus discípulos maiores do que de outra forma teriam sido. Isso é o que aprendemos com Raban Yochanan ben Zakai. Portanto, existe lashon tov. De acordo com Rambam cai dentro do comando de “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. De acordo com Avot é uma maneira de “levantar muitos discípulos”. É tão criativo quanto lashon hará é destrutivo. Ver o bem nas pessoas e dizer-lhes é uma forma de ajudar a tornar isso realidade, transformando-se num facilitador para o seu crescimento pessoal. Sendo assim, não devemos somente louvar a D’us, mas louvar e elogiar as pessoas também. Texto original: “IS THERE SUCH A THING AS LASHON TOV?” por Rabino Jonathan Sacks. Tradução Rachel Klinger Azulay para a Sinagoga Edmond J. Safra - Ipanema


Lashon Hará "Toda minha vida, cresci entre os Sábios, e jamais encontrei algo melhor para uma pessoa que o silêncio"

Rabi Shimon, filho de Rabban Gamliel, declarou: "Toda minha vida, cresci entre os Sábios, e jamais encontrei algo melhor para uma pessoa que o silêncio" (Ética dos Pais 1:17). Isso é interessante. Todos nós já ouvimos sugestões semelhantes, certo? "Se você não tem nada de bom para dizer, então fique calado." Este é um clássico. Mas o aforismo de Rabi Shimon é mais profundo que os clichês. Afinal, ele alegou que não há nada melhor que o silêncio – nada mesmo. E para enfatizar o valor do silêncio, ele prossegue dizendo que "a explicação não é básica, mas a ação, e todos que multiplicam as palavras produzem o pecado." O que ele quis dizer com isso? Que nunca devemos elogiar uma pessoa? Jamais dizer uma bênção? Se Rabi Shimon não está se referindo a todos os tipos de palavras, a que tipo se referia? Precisamos de uma máxima inteligente para nos proibir de amaldiçoar? Maimônides, em seu comentário sobre Pirkê Avot (Ética dos Pais) levanta três questões. Ele explica que existem cinco categorias de discurso:

  • Discurso associado a uma mitsvá (mandamento).

  • Discurso que devemos ter o cuidado de evitar.

  • Discurso que é repulsivo ou degrada.

  • Discurso que expressa amor.

  • Discurso que é permitido.

Maimônides explica então o que quer dizer. O discurso associado a uma mitsvá inclui estudar a Torá em voz alta. Este tipo de conversa é exigido, na verdade; devemos dizer palavras de Torá e prece. A primeira categoria Maimônides classifica como um mandamento positivo obrigatório. O discurso que precisamos ter o cuidado de evitar inclui o falso testemunho, mentir, mexericar e praguejar. A Torá nos proíbe o envolvimento com este tipo de discurso, advertindo-nos a nos guardar contra ele e contra outros tipos de conversa inconveniente, incluindo lashon hará (lashon hará, literalmente, linguagem do mal, é qualquer discurso que ofenda outra pessoa, mesmo que as declarações sejam verdadeiras). Claramente, Rabi Shimon ben Gamliel não pode estar se referindo a estas duas categorias, pois uma é um mandamento positivo e a outra é uma proibição. Não precisamos de um aforismo para nos dizer o que já sabemos que é uma mitsvá. O discurso que é repulsivo ou degrada inclui tagarelice, conversa que não tem utilidade, e não beneficia uma pessoa, espiritual ou materialmente. Não há uma proibição inequívoca contra este tipo de discurso, pois ele não envolve amaldiçoar ou mentir, etc. Mas ele não tem qualquer valor. Um pouco diferente da fofoca ou mexerico, pois não espalha boatos ou destrói reputações, a tagarelice comum é inútil e irrelevante, como muito daquilo que passa por novidade. Esta conversa vã, desperdiçada, também inclui elogios negativos e cumprimentos ambíguos. O discurso que expressa amor ou afeição inclui elogiar o positivo e criticar sabiamente o negativo. Histórias e canções que elevam a alma, inspiram pessoas a melhorar ou inculcam bons hábitos fazem parte dessa categoria, assim como aquelas que mostram como são repulsivos os maus hábitos e fazem as pessoas desejar evitá-los. Como os dois primeiros, o comentário de Rabi Shimon Gamliel não se aplica a esses. Se falássemos continuamente, o dia inteiro, e nosso discurso pertencesse às categorias um e quatro – palavras de Torá e mitsvot e conversação que inspira – isso seria ótimo. É óbvio que não devemos falar falsidades ou ofender os outros com nossas palavras, assim como também é óbvio que tagarelice e "novidades" são uma perda de tempo e fôlego. Isso nos leva à última categoria: O discurso permitido inclui a conversação que envolve de negócios, família, saúde e atividades cotidianas necessárias, como comer e beber. Não há nada de inerentemente positivo ou negativo neste tipo de conversa. Falar ou não falar, fica a critério da pessoa. E sobre este tipo de conversa, nos diz Rabi Shimon ben Gamliel, o melhor é o silêncio, pois se você tem de falar, assegure-se de que suas palavras combinam com suas ações – e seja breve.

SESSÕES DO MIDRASH A Concepção de um Filho

Esta parashá inicia-se mencionando as leis de uma parturiente com as palavras: "Se uma mulher concebeu uma semente…" O Midrash descreve o momento da concepção: O anjo encarregado da concepção é chamado Laila. Quando o Todo Poderoso deseja que nasça um ser humano, ordena ao Anjo Laila: "Traga-me esta ou aquela neshamá (alma) do Gan Eden!" A alma, entretanto, se ressente por ser desenraizada de sua Divina fonte, e reclama ao Todo Poderoso: "Sou pura e sagrada, conectada à Sua Glória. Por que é necessário que eu seja degradada entrando num corpo humano?" "Não é como diz," D’us a corrige. "O mundo onde você viverá ultrapassa em beleza aquele de onde você emanou. Foi criada com o único propósito de tornar-se parte de um ser humano, sendo elevado pelos seus atos." O Todo Poderoso em seguida ordena a alma fundir-se com a semente a qual estava destinada. Mesmo antes do feto estar formado, o anjo indaga de D’us: "Qual será o destino dela?" Neste momento, todo o futuro da criança ainda não nascida é pré-destinado. O Todo Poderoso determina se será homem ou mulher, se será saudável ou sofrerá de alguma doença ou defeito, sua aparência, o grau de inteligência, bem como sua capacidade física e mental. Mais ainda, todos os detalhes de suas circunstâncias na vida já estão decididos – será ele rico ou pobre, o que possuirá, e quem será seu futuro cônjuge. Vemos que todas as minúcias da vida de uma pessoa já estão decididas. Entretanto, há uma única exceção: D’us não decreta se alguém tornar-se-á um tsadic (justo) ou um rashá (perverso). Cada um decide como moldar a si mesmo por meio de suas faculdades e capacidades que lhe foram pré-ordenadas. A pessoa não deve sentir-se orgulhosa de sua inteligência, força ou dinheiro, pois estas qualidades não são suas próprias conquistas; ao contrário, foram Divinamente designadas a ele antes do nascimento. Há apenas um campo de empenho no qual a conquista resulta dos esforços individuais – se ele estudará (e quanto) sobre a grandiosidade de D’us , Sua Torá e se (e quanto) seguirá Seus caminhos. O grau de sucesso atingido nesta área, é um fruto de esforço e realização próprios.



A Gravidez e o Parto

O crescimento do feto no útero da mãe inspira a pessoa a sentir gratidão pelo Criador, que na sua bondade cuida do homem antes mesmo dele nascer. Ainda no útero da mãe, a criança aprende toda a Torá. Também lhe é mostrada uma visão do Gan Eden e do gueinom, e o anjo que está encarregado dela lhe suplica: "Seja um tsadic! Não se torne um rashá (malvado)!" Quando a criança entra neste mundo, o anjo toca seus lábios, fazendo com que todo o conhecimento da Torá previamente ensinado a ela seja esquecido. (Contudo, este conhecimento foi absorvido pela sua mente subconsciente, proporcionando-lhe que capte futuramente os ensinamentos da Torá com mais facilidade). Embora ao nascer a criança esteja suja e besuntada com sangue e continua a sujar-se, assim mesmo é querida por todos. O encanto de bebês e crianças pequenas, explicam nossos sábios, é que a Shechiná (Santidade) repousa sobre eles, uma vez que estão livres do pecado. Originalmente, o nascimento de uma criança acontecia imediatamente após a concepção, e era indolor. A situação atual é resultado da maldição pronunciada sobre Chava (esposa de Adam, o primeiro homem) após ter pecado. No futuro, o fardo da gravidez de nove meses será suspenso novamente, e o nascimento de crianças acontecerá imediatamente após a concepção e não acarretará dor, conforme a visão do profeta Yeshayáhu: "Antes que ela entre em trabalho de parto, ela o expelirá; antes que venha a dor, dará à luz um menino."


A Mitsvá do Brit Milá (Circuncisão)

D’us ordenou: "Um bebê judeu do sexo masculino deve passar por uma milá (circuncisão) aos oito dias de nascido. Mesmo se o oitavo dia coincidir com Shabat ou um Yom Tov, a milá não deve ser adiada". Isto mostra quão importante é a mitsvá da milá. Por que D’us ordenou que a milá fosse realizada em meninos que ainda são bebês? D’us também percebeu que bebês não tem tanto medo de fazer a milá como crianças maiores. Além disso, a pele de um bebê é mais tenra e cicatriza mais rapidamente após a milá. Aqui estão alguns dos procedimentos do brit milá: Quando o bebê é trazido, todas as pessoas que assistem ficam em pé e proclamam: "Baruch haba, bem vindo."O bebê é colocado num assento especial chamado kisê shel Eliyáhu, o trono de Eliyáhu. O profeta Eliyáhu é enviado por D’us para estar presente a cada brit milá. O mohel então coloca o bebê sobre os joelhos do sandec (o homem que recebe a honra de segurar o bebê durante o brit), e quando ele está pronto para fazer a milá, o mohel recita a berachá (bênção): "Bendito sejas, D’us, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Suas mitsvot e nos ordenou fazer a milá." O pai do bebê, também, diz uma berachá especial enquanto o mohel está fazendo a milá: "Abençoado sejas,D’us, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Suas mitsvot e nos ordenou trazer o menino ao pacto de nosso patriarca Avraham." O menino recebe seu nome. Por que um brit milá é chamada brit (pacto) de Avraham? A primeira mitsvá que D’us ordenou que Avraham cumprisse foi fazer a milá em si mesmo. Então D’us disse a Avraham que dali em diante, todos os meninos judeus devem fazer a milá aos oito dias de idade. A milá seria um brit, um pacto, entre D’us e o povo judeu. Eles acreditariam em D’us, e Ele seria seu D’us. A cerimônia do brit milá continua com os participantes desejando que o bebê cresça para tornar-se um sábio, que se case e crie sua própria família, e que faça sempre boas ações. Os pais recepcionam aqueles que desejam juntar-se a eles numa seudá, uma refeição festiva. Isto demonstra que os pais estão felizes por cumprir a mitsvá de D’us. Isto nos recorda também a refeição que Avraham fez no dia em que realizou milá em seu filho Yitschac. A mitsvá da milá é tão importante, que D’us considera para os pais que fazem a milá no filho como se eles tivessem trazido o bebê como uma oferenda para Ele. A mãe de um bebê recém-nascido oferecia corbanot especiais na época do Bet Hamicdash. Na época do Bet Hamicdash, a mãe de um bebê recém-nascido, menino ou menina, oferecia oferenda especiais. A mulher viajava ao Bet Hamicdash e entregava suas oferendas ao cohen. Por que deve a mãe oferecer um corban para D’us? Uma das razões é para agradecer D’us por tê-la salvado dos perigos do parto. Todo nascimento de uma criança é um milagre pelo qual a mãe (bem como toda a família) deve demonstrar gratidão a D’us.

Por que Ocorria a Punição de Tsaraat

A Torá continua a nos relatar sobre tipos diferentes de tum’a (impurezas). Uma delas é tsaraat. É um problema de pele que pode ser diagnosticado apenas por um cohen. Se um judeu – homem, mulher ou criança – percebeu uma ou mais manchas brancas na pele, deve suspeitar da possibilidade de tsaraat. Foi-lhe ordenado mostrar o local a um cohen. Se um judeu tornou sua alma impura por cometer um pecado grave, D’us por Sua vez, torna seu corpo impuro com tsaraat. Isto ajudaria a pessoa a perceber que pecou e que deveria fazer teshuvá. D’us infligia tsaraat em um judeu por alguns pecados, mas principalmente pela pecado de lashon hará (maledicência). Quando D’us quis que Moshê tirasse o povo judeu do Egito, Moshê protestou: "Eles não acreditarão que fui enviado por D’us !" Então, sua mão tornou-se branca com tsaraat por falar "mal" dos judeus. D’us também utilizava tsaraat como castigo por outros pecados graves, que são: Lashon hará (maledicência), assassinato, adultério, dar falso testemunho, ser orgulhoso, roubar, ser avarento. Vemos que lashon hará é um pecado grave, pois é punido com tsaraat, da mesma forma que os terríveis crimes de assassinato e adultério. A Torá ordena que um metsorá procure um cohen, não um médico. O cohen instará o metsorá a deixar de pecar, e começar a cumprir mitsvot. Se o metsorá faz teshuvá (arrependimento), D’us permitirá que se torne puro novamente.


O Que Acontecia com um Judeu com Tsaraat

Enquanto Benê Yisdrael vivia no deserto, o metsorá devia abandonar o acampamento e permanecer sozinho. Na época do Bet Hamicdash, ele tinha de sair das cidades com muralhas. O metsorá ficava completamente só. Nenhuma pessoa tinha permissão para sentar-se perto dele. O metsorá tinha de cobrir a boca com um lenço. Isto era para lembrar-lhe do lashon hará que havia causado sua tsaraat. Ao ficar sozinho, sem vizinhos, amigos ou família, o metsorá tinha tempo de sobra para meditar sobre suas ações e porque D’us o havia afligido com tsaraat. Tinha uma oportunidade de fazer teshuvá. Se D’us aceitasse sua teshuvá, a tsaraat desapareceria. O homem podia então convocar um cohen para examiná-lo novamente. Se o cohen decidisse que os indícios de tsaraat haviam de fato desaparecido, o metsorá era ordenado a purificar-se.


Tsaraat nas Roupas

Na época do Bet Hamicdash D’us às vezes trazia tsaraat saobre as roupas da pessoa. Apenas roupa branca poderia tornar-se tame (impura) com tsaraat. Se as vestes brancas de um judeu mostrassem apenas uma manchinha verde ou vermelha, ele devia mostrá-la para um cohen. Por que D’us trazia tsaraat às roupas de um judeu? As manchas de tsaraat advertiam-no a fazer teshuvá por algum pecado grave que tivesse cometido. D’us poderia ter enviado tsaraat para o corpo do judeu. Mas antes de puni-lo em seu corpo, D’us primeiro mandava a punição sobre seus pertences como um aviso. Se o judeu fizesse teshuvá, D’us não enviaria tsaraat para seu corpo. Encontramos muitas ocasiões nas quais D’us manda primeiro um castigo pequeno como um aviso para fazer teshuvá e evitar uma punição mais severa. Podemos exemplificar esta atitude Divina no episódio em que após morrerem os filhos de Yaacov, os judeus no Egito começaram a misturar-se aos egípcios e agir como eles. D’us não fez o faraó escravizar os judeus imediatamente. Primeiro, Ele fez os egípcios odiá-los. Isto deveria ter advertido Benê Yisrael a fazer teshuvá. Quando isso não ajudou, os egípcios fizeram os judeus pagar impostos. E somente quando os judeus não levaram esta punição a sério, D’us fez com que os egípcios os escravizassem. D’us tenta nos avisar com pequenos sinais de alarme. Por isso, se um pequeno contratempo nos acontece - por exemplo, se perdemos dinheiro ou se nos tornamos ligeiramente doente - devemos aproveitar a oportunidade para fazer teshuvá. Isto é o que D’us espera de nós. O Remédio Secreto

Um mascate judeu em Êrets Yisrael caminhava penosamente de uma aldeia a outra, vendendo seus produtos. Ao se aproximar da cidade de Tsipori começou a anunciar: "Quem quer comprar um remédio que prolonga a vida?" Um dos sábios, Rabi Yanai, estava passando e ouviu as palavras do ambulante. "Venda-me seu remédio!" - pediu ao mascate. "Ao senhor e aos outros santos sábios eu não o venderei; não precisam disso," respondeu o homem. "Por favor, venda-o," Rabi Yanai implorou. Então o mascate pegou um livro de Tehilim e mostrou um versículo a Rabi Yanai: "Quem é o homem que deseja a vida? Quem quer ter dias longos e bons? Proteja sua língua para não falar o mal e seus lábios de dizer mentiras (Tehilim 34:13-14)! Aquele que é cuidadoso para não falar lashon hará merecerá a vida no Mundo Vindouro. Ele terá também dias longos e agradáveis neste mundo." Rabi Yanai comentou: "Isto é realmente um bom remédio." O rei Shelomô nos advertiu de forma similar em seu livro Mishlê: "Shomer piv uleshono shomer mitsarot nafsho" ; "Aquele que vigia sua língua e a boca, protege o corpo de problemas." A palavra tsará (problema) é quase a mesma que tsaráat. Aquele que se refreia e não fala lashon hará, protege-se contra tsaráat. O Que é Lashon Hará e Por Que é Tão Grave

Lashon hará é uma observação negativa verdadeira sobre outra pessoa. A Torá nos proíbe de fazer tal declaração ou de dar ouvidos a ela. Nossos sábios nos ensinam que um judeu que fala lashon hará peca tão gravemente como um assassino, um adúltero ou um idólatra. Na época do Bet Hamicdash um judeu que falasse lashon hará era punido com tsaráat. É fácil entendermos porque um judeu que cometeu assassinato ou roubo ficou com tsaráat. São crimes graves. Mas por que um judeu que profere umas poucas palavras proibidas também recebe tsaraát? Eis algumas das razões pelas quais lashon hará é considerado uma falha tão séria.

  • É muito difícil, e às vezes quase impossível, fazer teshuvá por haver falado lashon hará. Para fazer teshuvá, a pessoa deve sentir-se arrependida por haver falado lashon hará e decidir nunca mais repetir este falha. Mas não é suficiente. Ela deve também dirigir-se à pessoa sobre a qual falou e desculpar-se. É muito difícil procurar um parente ou amigo e dizer: "Falei lashon hará sobre você; por favor, perdoe-me!" Isto é tão constrangedor que a maioria das pessoas não o fará. Mesmo se uma pessoa deseja pedir o perdão de outra, pode acontecer de ter falado lashon hará sobre um grupo de pessoas e não pode desculpar-se com todas elas. Ou pode ter falado lashon hará sobre alguém que viajou ou faleceu. A teshuvá completa pela grave falha de lashon hará é muito difícil. Por isso, devemos ser cuidadosos para evitar este pecado.

  • Lashon hará frequentemente é cometido mais de uma vez. Quando se trata de roubo ou assassinato, um judeu entende que deve fazer teshuvá e nunca cometer o ato novamente. Mas quando trata-se de lashon hará, a pessoa erroneamente pode pensar: "Que diferença faz umas poucas palavras?"

  • D’us quer que todos os judeus vivam em paz uns com os outros. O lashon hará causa ressentimentos e brigas entre o ouvinte e aquele de quem se falou. Frequentemente alguém pode recusar-se a ser amigo de outro, apenas porque certa vez escutou algo de negativo sobre ele. O metsorá era obrigado a sair do acampamento e ficar isolado, pois foi ele quem causou rompimento de amizades. Mesmo fora do acampamento ninguém tinha permissão de aproximar-se dele. Ficava separado da família, amigos e vizinhos.


Devemos Usar a Língua para a Finalidade Correta

De todas as criaturas que D’us criou, apenas seres humanos podem falar. (Embora animais possam comunicar-se de algumas formas, não usam as palavras). O dom da palavra é um presente de D’us à humanidade. Por isso, D’us nos ordenou manter nossas línguas puras e usá-las para palavras de Torá e chêssed (bondade). Pela maneira que nos expressamos, pode-se perceber que tipo de pessoa somos. A Guemará conta a seguinte história: Dois estudantes estavam sentados em frente ao sábio Hilel e discutiam uma Mishná. Um deles perguntou: "Por que uvas devem ser colhidas em recipientes puros, ao passo que azeitonas podem ser cortadas em recipientes impuros?" Ele então explicou a resposta da Mishná. O outro aluno usou palavras diferentes para fazer a mesma pergunta: "Porque uvas devem ser colhidas em recipientes puros, e azeitonas não necessitam ser colhidas em recipientes puros?" Ele foi cuidadoso em evitar a palavra impuro. Quando Hilel ouviu as palavras do segundo estudante, disse: "Tenho certeza que este aluno, que foi tão cuidadoso em usar apenas palavras boas, tornar-se-á um mestre de Torá para o povo judeu!" E assim aconteceu; ele tornou-se um grande professor de halachá (lei judaica). Há outra história a respeito de três cohanim que comentavam entre si o tamanho da porção de lêchem hapanim (o pão do shulchan) que haviam recebido. O primeiro disse: "Recebi uma porção pequena como uma ervilha." O segundo declarou: "Recebi um kezáyit, um pedaço do tamanho de uma azeitona." O terceiro falou: "Recebi um pedaço do tamanho da cauda do lagarto." Este último exemplo não era uma comparação correta. Não era apropriado comparar uma porção do sagrado lêchem hapanim à cauda de um lagarto, um animal impuro. Quando os sábios ouviram esta declaração, conferiram a árvore genealógica do cohen. Descobriram que havia nascido de um casamento proibido para os cohanim. ˜Não lhe foi mais permitido servir no Bet Hamicdash. Destes relatos aprendemos quão importante é usar uma linguagem pura, refinada, e não vulgar.

Como um Metsorá Torna-se Puro

Como já explicamos, um das razões principais que causavam tsaraát era o lashon hará. A palavra metsorá (aquele que tem tsaraát), é parecida com a palavra motsirá, (alguém que fala o mal). Se o metsorá fez teshuvá enquanto estava fora do acampamento, D’us fazia as manchas brancas na pele desaparecerem. O metsorá se sentia aliviado quando percebia que as marcas tinham desaparecido. Ele então chamava um cohen. O cohen caminhava até fora do acampamento para examiná-lo. O cohen dizia: "Começaremos a torná-lo tahor (puro). Hoje é o primeiro dia de sua tahará (purificação). No oitavo dia você oferecerá corbanot, ficará completamente puro e poderá juntar-se à sua família." Após a oferenda dos corbanot o judeu tornava-se puro novamente e podia reunir-se à família. Ele sentia-se quase como alguém que havia morrido e voltara a viver. Este homem jamais falaria lashon hará novamente! Certamente prestaria mais atenção às suas futuras palavras. O Midrash explica: Por que duas aves, um graveto de cedro e ezov (grama) eram usados para purificar o metsorá? Por que a Torá nos ordenou usar aves para purificar o metsorá? D’us, assim, está lhe dizendo: "Você agiu como um pássaro! Um pássaro chilreia constantemente! Você também falou e falou, sem prestar atenção no que dizia." Por que um pássaro é abatido e o outro é libertado? O pássaro colocado em liberdade significa: Se você usar sua língua com palavras de Torá e bondade, estará usufruindo da vida de modo correto. A grama e o cedro são totalmente opostos. O cedro é a mais alta das árvores e o ezov, o mais baixo dos arbustos. O metsorá é lembrado: Por que você falou lashon hará? Porque pensou que era um cedro – melhor que os outros. Para evitar falar lashon hará no futuro, deve sentir-se humilde como a grama. Por que D’us trazia tsaraát às casas? D’us às vezes também enviava manchas de tsaraát às paredes das casas. Isto acontecia por uma série de razões:

  • Uma casa judia é especial. As portas têm mezuzot, e a cada sete dias transforma-se em um palácio, recebendo o Shabat. O dono de um verdadeiro lar judeu abre suas portas àqueles que necessitam de comida, tsedacá, um empréstimo, ou qualquer outro tipo de ajuda. Entretanto, se um judeu tem uma bela casa, mas nega-se a ajudar àqueles que precisam de dinheiro ou objetos, de uma refeição ou um lugar para dormir, D’us o pune. No tempo do Bet Hamicdash, D’us fazia com que aparecesse tsaraát nas paredes da casa. O cohen então tinha que lacrar aquela casa. E o dono nem ao menos podia entrar em sua própria residência, da mesma forma que a havia fechado para outros que pediram ajuda. E se as manchas de tsaraát continuavam voltando, a casa tinha de ser demolida. Desta maneira, ele era punido por não compartilhar sua casa e seus pertences com outros judeus.

  • Tsaraát nas paredes era uma recompensa: Tsaraát às vezes atingia as paredes de uma casa cujo dono não cometera uma falha. Para esse, a tsaraát era uma recompensa. Descobriam ouro, prata e objetos de valor que haviam sido escondidos nas paredes. Isto jamais teria sido descoberto se não fosse pelas manchas de tsaraát aparecendo nas paredes. O Que Acontecia se a Casa tinha Tsaraát

Se um judeu que vivesse em qualquer cidade em Êrets Yisrael (exceto Jerusalém) e achasse uma mancha na parede, ele chamava um cohen e lhe dizia: "Percebi uma mancha em uma das paredes. Parece tsaraát." O cohen ordenava: "Antes que eu vá, tire todos os pertences de sua casa!" Desta maneira, os objetos não se tornariam impuros, caso o cohen decidisse trancar a casa. Como explicamos, uma das razões pelas quais D’us mandava tsaraát a uma casa era por causa da avareza do proprietário. Recusava-se a emprestar seus pertences a outrem, pensando que jamais alguém pudesse descobrir quantos objetos tinha escondido em sua casa. Agora ele precisava colocar seus utensílios e pertences à mostra, na rua. Todos os vizinhos viam os objetos que tinha mantido em segredo nos armários. Talvez isto despertasse a teshuvá nele. Então, quem sabe, D’us deixasse as manchas de tsaraát nas paredes da casa desaparecerem ou tornarem-se mais fracas. Porém, se não o fizesse, o cohen afirmava que a mancha na parede era tsaraát. Ordenava, então: "Esta casa deve ser trancada por sete dias!" Após uma semana, finalmente, a família tinha permissão de retornar para sua casa. Se os membros daquela família tivessem sido mesquinhos ou antipáticos, certamente tornar-se-iam generosos e humildes. Primeiro, seus pertences haviam sido colocados na rua. Depois eles foram mantidos fora de casa por uma semana (algumas vezes por três semanas). O tempo todo temeram que o tsaraát pudesse se espalhar e que a casa tivesse que ser demolida. Agora percebiam que o lar de uma pessoa e todas suas posses na verdade pertencem a D’us. Dinheiro e objetos nos são concedidos para que os usemos com o propósito correto.


Tsaraát era um Milagre

Quando Moshê ensinou as leis de tsaraát a Benê Yisrael, eles tornaram-se temerosos deste terrível problema de pele. Mas Moshê os acalmou: "Vocês não precisam ter medo! Tsaraát é um sinal de D’us que vocês são uma nação sagrada. D’us adverte-os a fazerem teshuvá. Isto é um privilégio que D’us não concede a nenhuma outra nação!" O tsaraát provou a Benê Yisrael o quanto D’us se preocupava com eles. Os judeus tiveram que guardar as leis de tsaraát apenas em Êrets Yisrael; não em outros países. Êrets Yisrael é uma Terra Santa, onde a Shechiná repousa; por isso, os judeus que lá vivem devem ser mais cuidadosos com as mitsvot que outros vivendo fora da Terra Santa.


Filhos Espirituais Adaptado das Memórias do Rebe Anterior

Moshe Shlomo nunca entendeu por que, quando pediu ao Báal Shem Tov que o abençoasse com filhos, o Rebe ignorou o pedido, em vez disso abençoando-o com prosperidade nos negócios e com fortuna. "Quando o Báal Shem Tov (também conhecido como Besht) abençoou-me com riquezas" – disse Moshe Shlomo à mulher, Rivca – "isso aconteceu, pois hoje de fato sou um homem próspero. Por que, então, ele não reza para que tenhamos filhos?" Um dia o Besht chamou o casal e disse: "Por que estão tão tristes? D’us os abençoou com muitas coisas. Há muitas boas ações que vocês podem fazer com seu dinheiro, como de fato fazem." E com isso, o Besht perguntou ao casal se desejavam acompanhá-lo numa viagem. Obviamente, eles concordaram. Quando chegaram a uma cidadezinha perto de Brody, o Besht sugeriu que caminhassem pela cidade. Viram um grupo de crianças brincando e o Besht perguntou a um dos meninos: "Qual é o seu nome?" "Baruch Moshe" – veio a resposta. "E o seu?" perguntou o Besht, voltando-se para outra criança. "Baruch Moshe" – veio novamente a resposta. "E o seu?" perguntou ele a uma terceira criança. Este menino também se chamava Baruch Moshe. Todos os garotos a quem o Besht perguntou o nome eram chamados de Baruch Moshe. Uma garotinha, irmã de um dos meninos, prontificou-se a dizer seu nome. "Sou Bracha Leah" – disse ela. Todas as outras meninas tinham o mesmo nome. Moshe Shlomo e Rivca não conseguiam esconder sua surpresa. O Besht, no entanto, não parecia nem um pouco impressionado. Eles continuaram a percorrer a rua da aldeia, abordando cada criança que encontravam para perguntar seu nome. A resposta era invariavelmente "Baruch Moshe" ou "Bracha Leah". O Besht foi até um homem idoso sentado num banco. "Pode me explicar por que toda criança aqui se chama Baruch Moshe ou Bracha Leah?" O homem sorriu e começou: "Há cerca de cem anos, havia nesta aldeia um açougueiro chamado Yitschac, que estudava Torá e praticava boas ações. Ele tinha um filho, a quem chamava Baruch Moshe. A criança foi enviada ao cheder, mas logo ficou evidente que não era nenhum erudito. Por mais que tentasse, nada do que lhe era ensinado ficava em sua mente. Aulas particulares também de nada adiantaram. Um ano depois de seu bar mitsvá, Baruch Moshe saiu da escola para ser aprendiz no açougue do pai. Ali demonstrou uma aptidão que jamais exibira na escola. "Passaram-se os anos, e Baruch Moshe casou-se com Leah Bracha. Tinham uma vida feliz juntos e granjearam o respeito da comunidade. Quando os pais de Baruch Moshe faleceram, ele quis homenageá-los aprendendo Mishná em sua memória. Porém, por mais que tentasse, não conseguiu aprender sequer a Mishná mais simples. Desesperado, desistiu, e em vez disso passou apenas a sentar-se na sinagoga quando o rabino dava uma aula, sem entender sequer a metade do que estava sendo dito. Certo dia, uma frase especial chamou a atenção de Baruch Moshe. Ele ouviu o rabino dizer que aquele que ensina Torá ao filho de um amigo pode ser considerado como se ele fosse o pai da criança. Estas palavras causaram-lhe uma pontada de sofrimento. ‘Já é triste o bastante não termos filhos nossos. É duplamente triste saber que nunca serei capaz de ensinar os filhos dos outros, assim merecendo o privilégio de chamá-los de meus.’ Um profundo suspiro escapou dos lábios de Baruch Moshe. "O rabino chamou-o de lado e disse: ‘Não se desespere. Você e sua mulher ainda são jovens. Talvez sejam abençoados com filhos.’ "Baruch Moshe foi dominado pela emoção. ‘Não sei se jamais teremos filhos. E quando você disse quando se ensina os filhos alheios pode-se chamá-los de seus fiquei duplamente triste, pois sou um ignorante. O que será de mim?’ E começou a chorar. "’Caro Baruch Moshe’ – disse compassivamente o rabino. ‘Minhas palavras não foram ditas apenas no sentido literal. Você pode ser um instrumento no ensino dos filhos de outras pessoas! Contratando professores para os filhos dos pobres e patrocinando as escolas para que possam aceitar mais alunos, você estará sendo pai espiritual dessas crianças.’ "Os olhos de Baruch Moshe brilharam. Isso era algo que certamente estava ao seu alcance. Correu para casa, e explicou à mulher tudo que o rabino tinha dito. Na manhã seguinte, Baruch Moshe saiu e reuniu todas as crianças pobres da aldeia cujos pais não podiam enviá-las ao cheder. Contratou um professor especialmente para elas, visitando-as freqüentemente para ver se estavam progredindo nos estudos. E fazia generosas doações para as escolas já existentes. "Com o passar dos anos, Baruch Moshe e Bracha Leah aumentaram seu apoio para o estudo de Torá das crianças. Eu mesmo, como ocorreu com todos de minha geração, fui educado na yeshivá fundada por este casal maravilhoso. "Baruch Moshe e Bracha Leah faleceram há quinze anos. Não deixaram nenhum filho biológico, mas deixaram literalmente centenas de crianças que ajudaram a educar e que receberam seu nome. Sentimos que era nosso privilégio imortalizar sua memória, dando aos nossos filhos o nome de seus pais espirituais. E, todos os anos, no aniversário de sua morte, nós nos reunimos para recitar o Kadish pelas suas almas tão nobres." Depois de ouvirem esta história, Moshe Shlomo e Rivca entenderam sua missão: educariam as crianças judias, sabendo que com seu apoio estariam "adotando" centenas de crianças. Trabalharam com altruísmo, jamais esquecendo o exemplo que tinham recebido de Baruch Moshe e Bracha Leah.


O Poder das Palavras Por Steve Hyatt

O Chofetz Chaim (Rabi Israel Hacohen, 1838-1933) concordou prontamente quando outro rabino proeminente pediu sua ajuda num problema comunal em outra cidade da Polônia. A participação do famoso Chofez Chaim certamente acrescentaria considerável sucesso à missão devido ao respeito que lhe devotavam todos os seus correligionários. No decorrer da viagem os dois rabinos pararam numa estalagem à beira da estrada para fazerem uma refeição. Estavam contentes por comer naquele estabelecimento, pois uma mulher judia, respeitada pelos seus altos padrões de cashrut, era a dirigente. Os dois rabinos foram acomodados à mesa de honra e tratados com todas as honras. Após terminarem a refeição, a proprietária foi até a mesa indagar se tinham apreciado a comida. O Chofetz Chaim sorriu educadamente e respondeu: "Estava muito saborosa, gostei bastante. Muito obrigado." O outro rabino disse: "A refeição estava muito boa, obrigado. Somente, se me permite, a sopa poderia ter um pouco mais de sal." Quando a proprietária se afastou, o Chofetz Chaim voltou-se para seu acompanhante, e numa voz angustiada declarou: "Inacreditável! Durante toda a minha vida tenho evitado falar ou ouvir lashon hará (calúnia sobre um judeu) e aqui estou, indo numa viagem para cumprir uma mitsvá, e sou colocado numa situação de ser obrigado a ouvir você falar lashon hará! Arrependo-me profundamente do meu envolvimento nessa missão, pois não pode ser uma verdadeira mitsvá. Se fosse, algo tão terrível não teria me acontecido!" O outro rabino ficou chocado e aborrecido com a reação do Chofetz Chaim. Para ele, parecia ser uma observação inocente. "O que há de tão terrível no meu comentário? Apenas mencionei que um pouco de sal teria ajudado a comida, que se não fosse por isso estaria excelente." O Chofetz Chaim começou a explicar-se. "Você com certeza não entende o poder que as palavras possuem! Apenas veja que reação em cadeia as suas palavras desencadearam: Estou certo de que a dona da estalagem não faz a comida; ela provavelmente emprega alguma pobre mulher para cozinhar; talvez mesmo uma viúva que depende do trabalho para viver. "Devido ao seu comentário impensado, a empregada será repreendida por não colocar sal suficiente na comida. Ela tentará defender-se, dizendo que colocou sal o bastante, o que será uma mentira. Então a patroa a acusará de mentir, pois certamente colocará a sua palavra acima da palavra da pobre cozinheira. Isso levará a uma discussão, e a proprietária, em sua fúria, despedirá a pobre mulher, que então não terá mais como sustentar a si mesma e à família. "E pense quantos pecados foram causados por uma observação desastrosa! "Você falou lashon hará e fez com que outros escutassem; fez a dona da estalagem repetir o lashon hará; a pobre cozinheira foi obrigada a dizer uma mentira; a patroa causou sofrimento à pobre mulher; suas palavras provocaram uma discussão. Todas essas são violações da Torá!" O rabino, que ouvira atentamente a explicação do Chofetz Chaim, respondeu com respeito: "Reb Yisrael Meir, não posso deixar de sentir que você está reagindo com exagero a esse incidente. Minhas palavras casuais não poderiam ter criado tamanho dano. Creio que o seu cenário simplesmente não é realista." O Chofetz Chaim levantou-se da cadeira, ainda agitado, e disse: "Se você não me acredita, então siga-me até a cozinha e verá com seus próprios olhos o que aconteceu!" Os dois rabinos entraram silenciosamente na cozinha, e se depararam com um quadro triste: a proprietária estava de pé perante uma senhora idosa, passando-lhe uma descompostura; a mulher tinha lágrimas correndo pela face. O rabino, abalado, correu para a cozinheira e pediu-lhe perdão por toda a dor que tinha lhe causado. Voltou-se então à proprietária e implorou a ela que o perdoasse e esquecesse que ele tinha feito aquele comentário. Jamais pensara que aquilo seria levado tão a sério. A dona da estalagem, que na verdade era uma pessoa bondosa por natureza, não tinha pensado em demitir a empregada idosa, e ficou contente em aceder ao pedido do rabino. Ela explicou que apenas tinha desejado comunicar à empregada que esta deveria ser mais cuidadosa no futuro. Assegurou ao rabino que o emprego da mulher estava seguro e que ele não precisava se preocupar. O rabino lançou um olhar de entendimento ao Chofetz Chaim. Ele com certeza tinha adquirido um novo respeito pelo grande poder das palavras.














 
 
 

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